17/02/2014

Ajudar na Ansiedade de Separação

(Jornal Público, 2 de Fevereiro de 2014)

Catarina Rodrigues
Psicoterapeuta



Os comportamentos de ansiedade de separação de uma criança manifestam insegurança e desconhecimento de como lidar com as dificuldades com que se depara. Geram sentimentos de culpa, vergonha e incompetência. Por isso, trate o seu filho com carinho e respeite a sua dificuldade. Acredite genuinamente na capacidade dele em encontrar estratégias, demonstre-o e confie.

Se você mesmo teve essas dificuldades, pense no que é que o poderia ter ajudado. Procure não se assustar ou irritar. O seu filho precisa da sua capacidade de pensar para além do medo e da frustração. Faça uso da sua criatividade para desdramatizar a situação.

Por exemplo, se estamos diante de um filho pequeno que não quer ir para a escola, antes de mais ouça-o e empatize com as suas razões. Não desvalorize nem minta sobre a situação. Fale com ele com ânimo em relação aos benefícios da escola e interaja com os meninos e as educadoras da sala. Está a dar exemplos de como ele se pode relacionar com eles. Pode incentivá-lo a descobrir o universo da sala ou levar um jogo de casa que sirva de ponte para a relação com os outros meninos. O objetivo é estimular o sentimento de confiança dele. Reforce o quanto gosta dele e acredita que vai conseguir superar aqueles medos. Só tem de ter calma e ir ao seu ritmo. O nervosismo acaba por passar e há coisas fascinantes para aprender e fazer na escola… e com amigos é ainda melhor!

Quando o for buscar, tenha curiosidade de ver o que se esteve a fazer e deixe-se deslumbrar pelas realizações do seu filho. Mostre claramente o seu orgulho e apreço… e reforce como ele foi capaz de vencer o nervosismo e divertir-se!

Em casa dedique tempo a brincar com o seu filho. Para além de ele perceber consigo como é gostável e como é divertido brincar com ele, as crianças projetam muito do seu dia nas brincadeiras e transmitem aí muita da sua emoção e modo de ver a realidade. Entre na brincadeira do seu filho e crie estratégias para resolver as dificuldades que os “bonecos” apresentam.

Se o seu filho for mais crescido, o enfoque necessariamente é na linguagem, menos na brincadeira. Mesmo que o vosso filho não queira falar - ele ouve tudo o que vocês dizem e regista-o. Aborde sem grande alarido ou crítica as suas dificuldades. O contrário só vai agravar o seu sentimento de culpa e de incompetência. Procure perceber com ele o que o está a deixar nervoso e transmita-lhe a sua confiança genuína nas suas capacidades de dar a volta. Recorde-o que ele está a crescer/amadurecer e que o nervosismo passa à medida que se vai sentindo mais à-vontade com os colegas e, sobretudo, mais confiante na sua capacidade de ser interessante para, e com, os outros. Pode mesmo dar exemplos seus ou relembrá-lo de situações em que ele foi bem sucedido. Implique-o na reflexão: o que é que ele poderia fazer para se sentir mais confiante? Tudo depende da nossa capacidade de nos tornamos agentes de pleno direito da nossa vida.

Por outro lado, rejeite a tentação de pensar que a ansiedade do seu filho é um problema só dele. Reflita sobre a sua própria personalidade e estilo relacional. Naturalmente influenciam o modo como transmite informação sobre como lidar com os desafios. E reflita se se sente seguro/competente ou inseguro/incapaz para ajudar o seu filho a ultrapassar tais dificuldades.

Se não se sente confiante na sua abordagem e sente a sua criatividade bloqueada, não se culpabilize nem feche os olhos a essa realidade. Estimule o seu filho a falar com alguém na rede social da família que tenha com ele uma relação de confiança e que sinta que lhe pode transmitir outras perspetivas (um amigo seu, um amigo do seu filho ou professor). Noutros casos, falar com o psicólogo pode ser uma etapa importante, ajudando a criança a pensar sobre esta questão, no modo como se enquadra no estilo relacional e na dinâmica emocional familiar e, sobretudo, a integrar outro olhar sobre si mesma e sobre o mundo.

Ansiedade de Separação

(Jornal Público, 16 de Fevereiro de 2014)

Catarina Rodrigues
Psicoterapeuta



A ansiedade de separação é alvo de maior atenção no início das aulas. Contudo, da minha prática, não deve ser pensada como um “fator sazonal”, mas como fazendo parte da personalidade da criança, refletindo, ao longo do seu crescimento, um estilo inseguro de relação com os outros e com o mundo, presente nas mais diversas situações (voltar às aulas depois das férias; dormir fora de casa; explorar o meio à sua volta, perdendo a visibilidade dos pais; interagir e sentir-se à-vontade e confiante com pessoas estranhas e diante de novas situações).

O estilo relacional da criança constrói-se numa interação complexa entre fatores biológicos e relacionais, destacando-se a influência decisiva que estes últimos (nomeadamente o estilo relacional parental) têm na expressão das características genéticas.

Desde o nascimento que os bebés têm uma atenção seletiva em relação aos seus pais e vão fazendo a sua aprendizagem sobre o estar no mundo por adaptação ao estilo relacional que lhes é oferecido e por imitação dos comportamentos dos pais. Ora, os pais, na sua relação com os outros, podem apresentar um tipo de personalidade onde predominem aspetos ligados à confiança nos outros e em si mesmo e segurança nas suas capacidades ou onde predominem aspetos ligados ao evitamento social, desconfiança e insegurança.

Neste sentido, podemos pensar a ansiedade de separação infantil como recebendo influência da maneira como as figuras significativas vivem a separação, a independência e a autonomia, mas sobretudo como projetam a competência do seu filho para a vida e como o ajudam a encontrar estratégias para superar e vencer as dificuldades.

Efetivamente, consideremos o modo como os pais vêem e espelham os comportamentos dos seus filhos. É um fator de relevo, visto que o primeiro tipo de identificação que os filhos fazem é precisamente ao modo como se sentem vistos e espelhados pelos seus pais (a que Coimbra de Matos, psicanalista, designou por identificação imagóico-imagética e que se constitui até aos 18 meses). Ou seja, os bebés identificam-se à imagem de si mesmos que lhes é devolvida pelos pais na maneira como estes agem e interpretam os seus comportamentos espontâneos. Podem estar distorcidas pelas ansiedades, medos e expectativas dos pais e projetadas para o filho, geralmente assentando numa identificação inconsciente deste aos aspetos sentidos como falhados e menos bons da personalidade dos pais e face aos quais se sentem impotentes.

Os pais podem transmitir uma imagem do seu filho como predominantemente capaz e competente (em ser autónomo e independente, fazer amigos e encontrar por si mesmo as estratégias para ultrapassar dificuldades) ou predominantemente frágil, imaturo, inseguro, nervoso e com dificuldade em gerir os obstáculos. Note-se que aludo ao predomínio de uma imagem-basilar de competência ou de fragilidade num espectro onde cabem toda as matizes.

Por exemplo, os pais podem percecionar o seu filho como sendo capaz de fazer amigos e de ser bem-sucedido nos estudos, ainda que predomine inconscientemente uma imagem frágil e pouco competente deste. Tal contradição produz uma comunicação parental feita de não ditos e de comportamentos que são sentidos pelo filho, a nível inconsciente, como paradoxais entre aquilo que é intuído na comunicação intersubjectiva e aquilo que é dito de forma consciente.

Identificando-se a esta imagem parental de si mesmo como pouco competente - que transmitida de forma inconsciente torna mais difícil a reação filial contrária - perante os desafios da vida, a criança sente-se insegura e não consegue ativar as suas competências internas. Sente-se aquém do que é esperado e bloqueada pelas suas dificuldades.

Porém, geralmente, persiste, no próprio, ao longo da sua vida, uma esperança: a de uma relação onde tenham de si mesmo uma imagem de competência para a vida… resistente à frustração do fracasso e assente na vivacidade do sonho/projeto.

Tempo para o Essencial

(Público, 26 de Janeiro de 2014)

Catarina Rodrigues
Psicoterapeuta



Quantos de nós não se sente com pouco tempo para o essencial – a família? Numa época com tanta tecnologia e serviços criados para nos ajudar, parece paradoxal.

Olhemos, no entanto, para a nossa agenda diária: o tempo libertado por tal tecnologia e serviços parece ter sido engolido pelo trabalho. O restante está contado ao milésimo para ser possível fazer tudo o que supostamente é importante. Nomeadamente, colocar os filhos em atividades extra (dentro ou fora de casa), defendidas por algum técnico como essenciais ao seu desenvolvimento. Para depois nos darmos conta de que já não dá tempo para estarmos com eles com calma e sem agenda.

Que sociedade é esta onde pais e crianças passam mais tempo nos “empregos” do que a usufruírem uns dos outros? E que deixa tão pouco tempo para a criação de laços de intimidade na família?

Uma sociedade que nos inunda, direta e indiretamente, de informação de ditos especialistas - ou de não especialistas a não ser na arte de comunicar com convicção – sobre o que é fundamental ao desenvolvimento dos nossos filhos, necessariamente a ser mediado pelo consumo de bens, atividades e serviços considerados excelentes.

A publicidade é um espelho interessante deste fenómeno. Reparem como veicula que todos os livros, brinquedos ou serviços são excelentes, os melhores de sempre. Como não os ter?

Vivemos numa sociedade de superlativos, onde o normal deixou de ser suficiente. Só é aceitável ser-se o melhor e ter o melhor. Tudo o resto é lixo (brincando com o termo das agências de rating). A lógica é a da sedução à aquisição enquadrada num pensamento consumista e de competição. Só assim se compreende que tudo seja considerado tão indispensável na nossa vida; que tudo tenha rótulo de excelente; que tudo tenha um investimento substancial na aparência e que relegue para segundo plano o conteúdo.

Além disso, não é valorizada a durabilidade, mas o consumo. Um consumo rápido – de informação, de comida, de bens e serviços… e mesmo de relações pessoais – e onde o tempo para se usufruir das coisas e descobrir as suas potencialidades são valores em desuso.

Para se consumir mais, tem de se querer mais. Para isso, há que criar insatisfação face ao que se tem e criar imagens apelativas para suscitar o impulso de desejo de aquisição. Semelhante lógica gera sentimentos de desconfiança, porque, quando paramos para pensar, sentimos que a informação veiculada não corresponde à realidade: são uma série de palavras ou de imagens cuidadosamente estudadas para nos causar impacto e desejo de aquisição. Estejamos a falar de bens ou serviços.

Neste cenário, a insatisfação e a frustração são os sentimentos mais frequentes. Apesar de estarmos rodeados de bens e serviços, por um lado, são poucos os que realmente se destinam a colmatar genuinamente as nossas necessidades – a grande maioria destina-se a suscitá-las - e, por outro lado, não existe uma lógica de tempo para se usufruir e apreciar o que temos. O tempo deixou de ser o tempo presente, para ser o tempo futuro, onde algo melhor, mais avançado, mais fascinante irá aparecer.

A mudança tecnológica, a rapidez da informação, o constante aparecimento de coisas novas faz com que estejamos sempre a viver num constante apelo à novidade... E temos pouco tempo, efetivamente, para nos satisfazermos com o que temos. Rapidamente aparece algo novo e desejável.

Os pais são influenciados por esta mentalidade e sentem que, com tanta informação e acesso fácil, não têm desculpas para não dar aos filhos aquilo que é veiculado como o melhor para eles.

Contudo, creio que o melhor para os nossos filhos é possibilitar-lhes uma relação viva e entusiasmada connosco. Aquela onde nos interessamos por conhecê-los, o que só é possível com tempo e sem agenda. Estar com os nossos filhos, deixando-nos guiar pelos seus interesses, é estimular e expandir as suas competências genuínas. E isso, sim, traz sentimento de satisfação duradoira!

Pensar a Família Hoje

(Jornal Público, 22 de Dezembro de 2013)

Catarina Rodrigues
Psicoterapeuta





A propósito do Encontro “Nascer e Crescer Hoje… Que Futuro?” (7/12), promovido pela Associação de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica, em que tive o prazer de participar, gostaria de partilhar convosco algumas reflexões.

Penso que ter um filho hoje é um ato de esperança face ao desânimo que se instalou na nossa população. Acontece muitas vezes em fim da idade de procriar e apesar das condições económicas, que tardam em estabilizar ou crescer.

Tal cenário faz com que sejam mais frequentes as famílias onde prima o filho único. As questões em torno da natalidade são, contudo, controversas, como afirmou Coimbra de Matos (psicanalista), pois o nosso planeta já se encontra no limite em termos de capacidade de resposta às necessidades de espaço, comida e água que a população humana representa. Por outro lado, como sublinhou Raquel Varela (historiadora das relações laborais), hoje as famílias fazem um grande investimento no percurso académico dos filhos (o que por vezes só é possível para um filho), pois reconhece-se que quem tem mais habilitações tem maiores opções de escolha no futuro.

Quando pensamos na família, não podemos deixar de a inserir na economia capitalista, onde muitas vezes parece relegada para um segundo plano face à primazia da produção laboral. A produção e o consumo parecem dominar as relações atuais, bem como o discurso que é dirigido à família. Por um lado, tudo está milimetricamente encaixado para que se possa dar mais tempo ao trabalho e produzir mais. Por outro lado, realça-se uma ideia de bem-estar associado ao consumo de bens (produtos e serviços) ligados a uma imagem de sucesso e de atividade constante.

Tal expectativa invade a esfera da vida familiar, defendida por estudos de especialistas que defendem que a aquisição e consumo de determinados produtos e serviços está diretamente associada ao sentimento de felicidade e ao excelente desenvolvimento das competências dos nossos filhos.

A situação de crise em que vivemos traz dificuldades de monta no cumprimento de tal expectativa social, dada a precaridade e a instabilidade do emprego. Além disso, muitos são os pais que se sentem enredados num ciclo perverso: para dar mais também têm de trabalhar mais e sacrificar o tempo com os filhos. Parece-me existir uma frustração geral no que toca à disponibilidade parental em proporcionar uma relação com qualidade, uns porque se sentem condicionados pelas exigências de disponibilidade de tempo (incondicional) do emprego, outros porque se sentem deprimidos e encurralados em empregos insatisfatórios, mas que não se arriscam a perder, outros por causa do desemprego.

Neste panorama, penso que, salvo raras exceções, a maioria dos pais tem de lidar com a frustração, o receio e a culpa (por vezes inconsciente) de não terem a capacidade de oferecer tudo o que desejam para o seu filho. E sentem-se falhar na sua função parental.
Mas será que o bom desenvolvimento dos nossos filhos precisa de tudo o que socialmente é defendido hoje? Estaremos diante de uma crise económica ou também de uma crise de valores?

O meu apelo é pensarmos nos valores essenciais à família. Não estou com isto, claro, a pretender desvalorizar a importância do fator económico, mas a perspetivar outras vias de desenvolvimento na família, trazendo, porventura, um sentimento de satisfação mais duradoiro e de fortalecimento de laços de intimidade.

Penso que não é preciso dar tudo aos filhos. É preciso dar o essencial. E isso não é um falhanço, é uma mudança de perspetiva face à vida, porventura mais adequada à realidade que vivemos. Os pais emocionalmente disponíveis pressentem que a sua presença efetiva, afetiva e entusiasmada é a base dos sentimentos de ser-se amado e admirado e na formação da resiliência necessária aos desafios da vida. Efetivamente, o nosso maior “ativo” é interno: saber-se reconhecido como agente competente da sua própria vida por quem amamos e admiramos.

Autoridade ou Permissividade? Colaboração na descoberta!


Catarina Rodrigues
Psicoterapeuta

(Jornal Público, 8 de Dezembro de 2013)





Muitos serão os pais que se debatem com a questão da permissividade vs autoritarismo, questionando-se da sua influência (e da sociedade em geral) na actuação com os seus filhos e de como isso tem contribuído para a sociedade em que vivemos, em que se fala de uma falta de respeito pelas regras e valores e onde a competição, o lucro e a indiferença face ao outro parecem dominar.

Como veicular o respeito pelo outro e o valor essencial da cooperação, em detrimento de uma competição a todo o custo? O conceito win-win do mundo da gestão (que significa que ambos ganham) é o nosso ponto de partida!

Na minha perspectiva, não se trata de um combate entre a permissividade e a autoridade. Trata-se de ver o bebé e a criança como uma pessoa e tratá-la como tal, isto é, com respeito, carinho, tolerância, e encararmo-nos a nós mesmos como facilitadores da sua aprendizagem do mundo e de si mesma, estimulando com bom-senso as suas explorações, atentos e firmes ao que pode ser perigoso... mas também atentos ao que faz brilhar os seus olhos de entusiasmo face à crescente capacidade de entendimento e de realização (orgulho nas suas competências, dito de outra forma). Dar-lhe alternativas ao que não pode fazer, explicando a nossa atitude de protecção e mostrando outras coisas fascinantes do mundo que a rodeia.

Nesta linha de ideias, não faz sentido encarar o bebé ou a criança como um tirano que desautoriza com os seus comportamentos (o conhecimento obriga à repetição e à “desobediência”, no sentido de tentar perceber e experimentar por si mesmo) e a quem temos de domar, para que cresça obediente (mas sem crítica) face ao adulto; nem se trata de tudo lhe permitir, com medo do seu choro ou da sua zanga (o que gera insegurança em si e nos outros); nem como um ser que não tem intenção e vontade e que não precisa perceber a nossa actuação em relação a ela. Afinal, só respeitamos quem nos respeita e nos explica a sua actuação, para que o possamos entender… e concordar ou discordar. O bebé e a criança devem crescer, sim, com estímulo à sua capacidade de pensar e tomar decisões, explorando a realidade que o rodeia e compreendendo que os adultos são seus parceiros.

Assim sendo, diante do bebé e da criança temos de estar disponíveis para ver o seu lado e tentar perceber as suas reacções de acordo com o olhar da infância. Há certamente uma razão compreensível para a actuação do seu filho. A postura win-win significa que, para sermos respeitados pelo nosso filho, temos de o tratar da mesma forma e estar disponíveis para percebê-lo a luz da sua maturidade e competências. É sabermos agir a autoridade de quem sabe mais sobre o mundo (mas não tudo), mas disponíveis para ouvir a “comunicação relacional” do nosso filho e tentar percebê-lo. É agir de forma em que ele se sinta respeitado; ajudado a experimentar o mundo com segurança e entusiasmo; e contido nas suas zangas e frustrações com amor e paciência.

Ser pai é ser parte integrante, activa e com mais conhecimento no desenvolvimento do bebé. O que tem implicações e exigências, sobretudo em termos da disponibilidade emocional. Ninguém diz que ser pai é fácil. Não o é.

Não é que não existam regras quando brincamos ou vemos brincar o bebé. Mas estas são naturais e assentes nos limites que todos temos à nossa actuação. O que é diferente de coibir, adjectivar negativamente, não estimular ou castigar o comportamento exploratório espontâneo do bebé.

Só experimentando os sucessos, os erros, vivendo as sintonias e as dessintonias na relação é que ganhamos autonomia, independência e capacidade crítica. Só assim aumentamos o sentido de competência própria. E isso é possível numa relação de cooperação, em que a tónica não está no dominar, mas no compreender e explicar. Papel a desempenhar primeiro pelo adulto, que tem mais maturidade, e que progressivamente vai sendo integrado no estilo relacional da criança.