25/01/2011

Consulta de Psicologia - Encontro do Bem-Estar Mental e Físico

por Rosa Pires e Catarina Rodrigues



Reconhecer o sofrimento é o primeiro passo para pedir ajuda.


A relação terapêutica nasce no trabalho conjunto entre paciente e terapeuta, na qual o acolhimento da dor, a compaixão, a empatia e uma visão clara da causa do sofrimento permite compreender, ultrapassar e desenvolver as estratégias necessárias para lidar, de forma diferente, com o que nos perturba.

Quando se assiste a um encontro feliz entre paciente e terapeuta, a relação terapêutica tem um carácter único de intimidade e de confiança, sobretudo de interesse e de afectos genuínos… que solidificam essa relação e propiciam a expansão da pessoa. Esse é o grande objectivo! Redescobrir a vontade de explorar o mundo sem medo, resiliente, reconhecendo a Vida como Mudança e Dinamismo.

Numa óptica de promoção do bem-estar e qualidade de vida e da prevenção de situações emocionais de risco, disponibilizamos os serviços de apoio psicológico e psicoterapia desde a concepção até aos cuidados à 3ª idade.

A Relação Terapêutica e o Sentimento de Dependência

por Catarina Rodrigues

Não é raro a psicoterapia e o sentimento de dependência estarem associados nos medos de quem procura (ou pensa procurar) a consulta de psicologia/psicoterapia. Alude-se a um receio de que a pessoa deixe de ser capaz de pensar ou de agir por si própria, uma vez que ficaria sob a influência do psicólogo. Talvez por ser psicóloga, interrogo-me muitas vezes do porquê desta associação.


Com efeito, quando se assiste a um encontro feliz entre paciente e terapeuta, a relação terapêutica tem um carácter único de intimidade e de confiança, sobretudo de interesse e de afectos genuínos… que solidificam a relação, uma vez que não são sentimentos unilaterais, mas partilhados por ambos os parceiros da viagem terapêutica.


E em que outro estilo de relação seria possível falar-se de assuntos tão íntimos? É necessário sentir o afecto e a inabalável esperança do terapeuta na capacidade de crescimento mental/afectivo/social do paciente.


Assim sendo, deixa de fazer sentido falar de dependência, mas antes de trampolim confiante e confiável, resiliente e promotor de resiliência para a vida. O projecto de vida vai-se desnudando ao longo do processo terapêutico, à medida que a honestidade passa a ser a essência desta nova relação.


Por tudo isto, não posso negar que aquilo que o terapeuta diz – essencialmente devido ao seu carácter afectivo – é da maior importância para o paciente. É verdade que, em alguns processos terapêuticos, e em algumas fases da terapia, a pessoa pode sentir que não quer tomar decisões sem falar com o seu terapeuta. Contudo, isso parece-me ter menos a ver com a dependência do que com o sentimento de confiança no terapeuta que se interessa, que compreende e que ajuda a pensar.


À medida que o processo terapêutico progride, a pessoa começa a adoptar um estilo de pensamento e de actuação mais de acordo/honesto consigo própria – um estilo que se vai desvelando na terapia. Neste sentido, poderíamos falar, creio eu, num segundo nascimento!


(Adaptado do artigo de Catarina Rodrigues: «O sentimento de dependência e a psicoterapia», publicado na Revista da Junta de Freguesia da Charneca de Caparica, nº 9, Dez. de 2004)